Desde que começou a trabalhar
em uma empresa de ônibus que faz viagens de Belém a Cametá, no nordeste
paraense, o motorista Ielton Gomes, 43 anos, enfrenta diariamente a travessia
de balsa sobre o rio Igarapé-Miri. Os transtornos causados na travessia que corta
a rodovia PA-151, principalmente devido ao grande número de carros que trafega
pela área, sempre foi uma das maiores reclamações do rodoviário, que afirma
contar os dias para a inauguração da ponte no local. “A fila pela espera da
balsa é sempre um problema. Em épocas de grandes movimentações, como férias e
carnaval, a espera pode chegar até quatro horas. A construção de uma ponte, que
acabe com essas filas e diminua o tempo no percurso para Cametá, vai mudar
completamente a mobilidade da região”, diz.
Atravessar de um lado a outro
da rodovia, sem precisar esperar por uma balsa, também é um desejo antigo do
agricultor Alfredo Gomes, 66 anos. Morador de uma comunidade rural de
Igarapé-Miri, ele conta que já ficou isolado em casa por não ter dinheiro para
pagar a travessia de balsa. “Como essa balsa é um serviço particular, já cansei
de ficar isolado em uma margem do rio porque não tinha dinheiro para pagar o
serviço. Até mesmo em situação de doença, quando precisava ir ao médico, não
podia, pois não tinha os quatro reais para atravessar com a minha bicicleta na
balsa”, relembra o agricultor, enquanto acompanha de perto os avanços na
construção da ponte sobre o rio que tem o mesmo nome da cidade.
Orçada em R$ 59.696.768,14 e
com 560 metros de extensão, a primeira ponte de concreto armado na PA-151
beneficia não apenas o município de Igarapé-Miri, mas todas as cidades da
região do Baixo Tocantins. Segundo o engenheiro responsável pela obra, Márcio
Guimarães, os trabalhos de conclusão da ponte seguem de forma acelerada. A obra
já atingiu 55% do projeto, e a partir do próximo mês entra na segunda fase, com
a conclusão de todos os pilares de sustentação. “Depois disso, vamos instalar
todas as lajes de concreto e finalizar o serviço de ligamento entre as bases. Se
tudo ocorrer dentro do planejado, a ideia é entregar o projeto até o final
deste ano”, afirma.
Infraestrutura – A
construção da ponte sobre o rio Igarapé-Miri faz parte da política de
integração e infraestrutura do governo do Estado, por meio da Secretaria de
Estado de Transporte (Setran), que até o fim deste ano finaliza a entrega de 36
novas pontes em concreto no Pará. Ao todo, esses projetos somam um investimento
de R$ 180 milhões.
A inauguração da ponte sobre o
Rio Capim, no município de Aurora do Pará, nordeste do Estado, no último mês de
junho, é mais um exemplo dessa política de infraestrutura entregue à população.
Com 540 metros de extensão, a ponte é um investimento de R$ 56.868.289,68,
recursos próprios do governo estadual. A construção começou a ser executada no
fim do ano de 2009, mas logo após o início da instalação dos primeiros pilares,
ainda no governo anterior, a obra foi paralisada. O projeto foi retomado pelo
governo do Estado em agosto do ano passado depois da conclusão dos estudos e análise
da prestação de contas do início da obra.
Segundo dados da Setran, se
somadas, as construções de pontes sobre rios e igarapés que cortam diversas
rodovias estaduais ultrapassam 2,5 quilômetros de extensão. As novas
estruturas, feitas em concreto pré-moldado ou em estrutura mista com arco de
metal, facilitam o transporte e escoamento da produção e aumentam a integração
regional por todo o estado. Entre as obras inauguradas este ano se destacam
também a ponte sobre o rio Mojuzinho, na região do Lago de Tucuruí. Orçada em
cerca de R$ 7 milhões e com 161 metros de extensão, a estrutura está localizada
em um ponto estratégico daquela região, ligando Goianésia, Breu Branco e
Tucuruí e integrando esses municípios a todo o Sul do Pará.
Outra obra já entregue à população
foi a ponte de concreto sobre o Rio Arraia, no município de Conceição do
Araguaia, sudeste paraense. Orçado em cerca de R$ 7 milhões, o projeto mudou
completamente a rotina dos motoristas que trafegam diariamente pela PA-287,
entre os municípios de Redenção e Conceição do Araguaia. A ponte foi duplicada
e toda reestruturada em uma extensão de 81 metros de comprimento e 4,1 metros
de largura. No município de Bragança, nordeste paraense, a Setran substituiu as
antigas pontes de madeira por novas estruturas em concreto armado na rodovia
PA-458, no acesso à praia de Ajuruteua. Ao longo dos 36 quilômetros da PA,
foram construídos 278 metros de pontes em concreto armado nos furos da Ostra,
Meio, Café e da Estiva, totalizando quatro pontes em um investimento de R$ 8,5
milhões.
Na PA-150, o projeto de
reconstrução da rodovia também prevê a substituição de todas as pontes de
madeira no trecho de Morada Nova à Goianésia do Pará. Ao todo, serão
reconstruídas 20 pontes em um intervalo de cerca 170 quilômetros, entre as duas
localidades. Na região da Calha Norte, no Baixo Amazonas, a Setran segue com a
construção da ponte sobre o rio Curuá, que terá uma extensão de 360 metros por
oito de largura. A obra vai possibilitar o trânsito sem interrupção na rodovia
PA-254 e beneficiará os municípios do Baixo Amazonas, além das demais cidades
do lado esquerdo do rio Amazonas.
Manutenção – Além das
construções de novas pontes, a Secretaria de Estado de Transporte também
intensifica os trabalhos de recuperações dessas obras. Na ponte “Moju Alça”, a
terceira do complexo da Alça Viária, no sentido Belém-Barcarena, a Setran
iniciou os serviços de recuperação de um dos pilares atingidos por uma balsa.
No local foram utilizados boias para sinalizar os pilares afetados e flutuantes
de proteção para evitar futuros impactos.
“Enquanto seguimos com a
recuperação do pilar atingindo, as boias e os flutuantes vão atuar como
protetores dos pilares, evitando o choque contra embarcações, pois, se por
acaso a embarcação desviar por conta da maré e vir a encostar-se no pilar, esse
flutuante protege contra qualquer tipo de impacto”, explica o engenheiro do
Departamento de Transportes Terrestres da Setran, Alfredo Bastos
Na ponte Rio Moju
– interditada desde o último dia 23 de março por conta da colisão de um
balsa com uma das pilares de sustentação da estrutura – os trabalhos de
reconstrução também não param. Segundo o engenheiro Jorge Andrade, a obra já
concluiu 100% da primeira torre de apoio que dará suporte às estruturas
metálicas da ponte. Paralelo a isso, os operários também já começaram as
etapas de cravamento da segunda torre metálica, que vai reforçar ainda mais o
escoramento da estrutura atingida.
“Somente a partir da conclusão
dessas duas torres de apoio é que os trabalhos de recuperação da ponte passam
para uma segunda fase. E aí, sim, se inicia a retirada dos dois lingotes de
concreto que estão pendurados no leito da ponte desde o dia do acidente”,
explicou o operário Manoel Magalhães, encarregado da obra.
Para o trabalho seguir dentro
do cronograma apresentado pela empresa responsável pela obra, 18 homens
trabalham em jornada diária de 7 às 18 horas, com escalas de fins de semana. A
previsão para a primeira fase de recuperação é de 90 dias. De acordo com a
Setran, somente com a retirada dos escombros e estabilização da estrutura é que
se pode seguir para a segunda parte do projeto com a construção de um novo
pilar definitivo e a restauração completa da pista. Para garantir celeridade na
continuação das obras, um novo edital de licitação já foi publicado no Diário
Oficial do Estado para a contratação da empresa que vai finalizar a segunda
parte do projeto. “O nosso prazo é que até o final deste ano, a ponte volte a
funcionar e o tráfego seja liberado na via”, ressaltou Jorge Andrade, engenheiro
responsável pela obra.
Enquanto o tráfego permanece
interditado nesse perímetro da Alça Viária, o serviço de travessia de veículos
continua sendo feito gratuitamente por meio de três balsas operadas em regime
de revezamento. Segundo os órgãos de segurança pública responsáveis pela
fiscalização desse serviço, a maior embarcação tem capacidade para 50 veículos
grandes e as menores suportam 40 carros grandes e pequenos.
Adison Ferrera
Secretaria de Estado de Comunicação
Secretaria de Estado de Comunicação
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