12 de agosto de 2014

Desde que começou a trabalhar em uma empresa de ônibus que faz viagens de Belém a Cametá, no nordeste paraense, o motorista Ielton Gomes, 43 anos, enfrenta diariamente a travessia de balsa sobre o rio Igarapé-Miri. Os transtornos causados na travessia que corta a rodovia PA-151, principalmente devido ao grande número de carros que trafega pela área, sempre foi uma das maiores reclamações do rodoviário, que afirma contar os dias para a inauguração da ponte no local. “A fila pela espera da balsa é sempre um problema. Em épocas de grandes movimentações, como férias e carnaval, a espera pode chegar até quatro horas. A construção de uma ponte, que acabe com essas filas e diminua o tempo no percurso para Cametá, vai mudar completamente a mobilidade da região”, diz.
Atravessar de um lado a outro da rodovia, sem precisar esperar por uma balsa, também é um desejo antigo do agricultor Alfredo Gomes, 66 anos. Morador de uma comunidade rural de Igarapé-Miri, ele conta que já ficou isolado em casa por não ter dinheiro para pagar a travessia de balsa. “Como essa balsa é um serviço particular, já cansei de ficar isolado em uma margem do rio porque não tinha dinheiro para pagar o serviço. Até mesmo em situação de doença, quando precisava ir ao médico, não podia, pois não tinha os quatro reais para atravessar com a minha bicicleta na balsa”, relembra o agricultor, enquanto acompanha de perto os avanços na construção da ponte sobre o rio que tem o mesmo nome da cidade.
Orçada em R$ 59.696.768,14 e com 560 metros de extensão, a primeira ponte de concreto armado na PA-151 beneficia não apenas o município de Igarapé-Miri, mas todas as cidades da região do Baixo Tocantins. Segundo o engenheiro responsável pela obra, Márcio Guimarães, os trabalhos de conclusão da ponte seguem de forma acelerada. A obra já atingiu 55% do projeto, e a partir do próximo mês entra na segunda fase, com a conclusão de todos os pilares de sustentação. “Depois disso, vamos instalar todas as lajes de concreto e finalizar o serviço de ligamento entre as bases. Se tudo ocorrer dentro do planejado, a ideia é entregar o projeto até o final deste ano”, afirma.
Infraestrutura – A construção da ponte sobre o rio Igarapé-Miri faz parte da política de integração e infraestrutura do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Transporte (Setran), que até o fim deste ano finaliza a entrega de 36 novas pontes em concreto no Pará. Ao todo, esses projetos somam um investimento de R$ 180 milhões.
A inauguração da ponte sobre o Rio Capim, no município de Aurora do Pará, nordeste do Estado, no último mês de junho, é mais um exemplo dessa política de infraestrutura entregue à população. Com 540 metros de extensão, a ponte é um investimento de R$ 56.868.289,68, recursos próprios do governo estadual. A construção começou a ser executada no fim do ano de 2009, mas logo após o início da instalação dos primeiros pilares, ainda no governo anterior, a obra foi paralisada. O projeto foi retomado pelo governo do Estado em agosto do ano passado depois da conclusão dos estudos e análise da prestação de contas do início da obra.
Segundo dados da Setran, se somadas, as construções de pontes sobre rios e igarapés que cortam diversas rodovias estaduais ultrapassam 2,5 quilômetros de extensão. As novas estruturas, feitas em concreto pré-moldado ou em estrutura mista com arco de metal, facilitam o transporte e escoamento da produção e aumentam a integração regional por todo o estado. Entre as obras inauguradas este ano se destacam também a ponte sobre o rio Mojuzinho, na região do Lago de Tucuruí. Orçada em cerca de R$ 7 milhões e com 161 metros de extensão, a estrutura está localizada em um ponto estratégico daquela região, ligando Goianésia, Breu Branco e Tucuruí e integrando esses municípios a todo o Sul do Pará.
Outra obra já entregue à população foi a ponte de concreto sobre o Rio Arraia, no município de Conceição do Araguaia, sudeste paraense. Orçado em cerca de R$ 7 milhões, o projeto mudou completamente a rotina dos motoristas que trafegam diariamente pela PA-287, entre os municípios de Redenção e Conceição do Araguaia. A ponte foi duplicada e toda reestruturada em uma extensão de 81 metros de comprimento e 4,1 metros de largura. No município de Bragança, nordeste paraense, a Setran substituiu as antigas pontes de madeira por novas estruturas em concreto armado na rodovia PA-458, no acesso à praia de Ajuruteua. Ao longo dos 36 quilômetros da PA, foram construídos 278 metros de pontes em concreto armado nos furos da Ostra, Meio, Café e da Estiva, totalizando quatro pontes em um investimento de R$ 8,5 milhões.
Na PA-150, o projeto de reconstrução da rodovia também prevê a substituição de todas as pontes de madeira no trecho de Morada Nova à Goianésia do Pará. Ao todo, serão reconstruídas 20 pontes em um intervalo de cerca 170 quilômetros, entre as duas localidades. Na região da Calha Norte, no Baixo Amazonas, a Setran segue com a construção da ponte sobre o rio Curuá, que terá uma extensão de 360 metros por oito de largura. A obra vai possibilitar o trânsito sem interrupção na rodovia PA-254 e beneficiará os municípios do Baixo Amazonas, além das demais cidades do lado esquerdo do rio Amazonas.
Manutenção – Além das construções de novas pontes, a Secretaria de Estado de Transporte também intensifica os trabalhos de recuperações dessas obras. Na ponte “Moju Alça”, a terceira do complexo da Alça Viária, no sentido Belém-Barcarena, a Setran iniciou os serviços de recuperação de um dos pilares atingidos por uma balsa. No local foram utilizados boias para sinalizar os pilares afetados e flutuantes de proteção para evitar futuros impactos.
“Enquanto seguimos com a recuperação do pilar atingindo, as boias e os flutuantes vão atuar como protetores dos pilares, evitando o choque contra embarcações, pois, se por acaso a embarcação desviar por conta da maré e vir a encostar-se no pilar, esse flutuante protege contra qualquer tipo de impacto”, explica o engenheiro do Departamento de Transportes Terrestres da Setran, Alfredo Bastos
Na ponte Rio Moju – interditada desde o último dia 23 de março por conta da colisão de um balsa com uma das pilares de sustentação da estrutura – os trabalhos de reconstrução também não param. Segundo o engenheiro Jorge Andrade, a obra já concluiu 100% da primeira torre de apoio que dará suporte às estruturas metálicas da ponte. Paralelo a isso, os operários também já começaram as etapas de cravamento da segunda torre metálica, que vai reforçar ainda mais o escoramento da estrutura atingida.
“Somente a partir da conclusão dessas duas torres de apoio é que os trabalhos de recuperação da ponte passam para uma segunda fase. E aí, sim, se inicia a retirada dos dois lingotes de concreto que estão pendurados no leito da ponte desde o dia do acidente”, explicou o operário Manoel Magalhães, encarregado da obra.
Para o trabalho seguir dentro do cronograma apresentado pela empresa responsável pela obra, 18 homens trabalham em jornada diária de 7 às 18 horas, com escalas de fins de semana. A previsão para a primeira fase de recuperação é de 90 dias. De acordo com a Setran, somente com a retirada dos escombros e estabilização da estrutura é que se pode seguir para a segunda parte do projeto com a construção de um novo pilar definitivo e a restauração completa da pista. Para garantir celeridade na continuação das obras, um novo edital de licitação já foi publicado no Diário Oficial do Estado para a contratação da empresa que vai finalizar a segunda parte do projeto. “O nosso prazo é que até o final deste ano, a ponte volte a funcionar e o tráfego seja liberado na via”, ressaltou Jorge Andrade, engenheiro responsável pela obra.
Enquanto o tráfego permanece interditado nesse perímetro da Alça Viária, o serviço de travessia de veículos continua sendo feito gratuitamente por meio de três balsas operadas em regime de revezamento. Segundo os órgãos de segurança pública responsáveis pela fiscalização desse serviço, a maior embarcação tem capacidade para 50 veículos grandes e as menores suportam 40 carros grandes e pequenos.
Adison Ferrera
Secretaria de Estado de Comunicação


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