As eleições em Igarapé-Miri têm um cenário apocalíptico, mas com
algumas diferenças da profecia bíblica: não é travado entre o bem versus
o mal, Jesus não voltará para arrebatar os inocentes eleitores e
ninguém terá salvação, qualquer caminho que se tome somente garantirá
uma coisa: o inferno que está por vir.Paira sobre a cidade, além
da sombra da violência que já é quase um cartão postal do município, uma
nuvem negra carregada de interesses. Interesses que não beneficiarão os
sedentos por esperança de dias melhores. Aquele velho conselho canalha
de que “tá no inferno, abraça o capeta” não é uma alternativa aos
eleitores mirienses, é uma imposição. O demônio é tudo que lhes
oferecem. É por isso que essa eleição cheira a enxofre e as aflições só
estão começando. O caldeirão ferve.De um lado, o amarelo-desbotado vai apontando o dedo na cara dos eleitores, essa é uma das facetas do satã: a de intimidadorDo outro lado, o vermelho-puta vai aliciando adeptos, comprando-os um por um, é o espírito primeiro do belzebu: o tentador. Entretendo, o mais demoníaco é ver como o eleitor se adapta a
tal blasfêmia eleitoral e não vê que um candidato age como se ainda
vivêssemos no coronelismo, enquanto a outra “opção do bem” se orgulha em
ter como apoiadores: uma ex-governadora fracassada, um mensaleiro
(sendo julgado no STF por corrupção), um professor apático e um deputado
com laços fortíssimos com o cassado Chico da Pesca. Alguém ainda tem
dúvidas que essa eleição é um dilúvio e não uma celebração a democracia?
As trombetas já soaram há muito tempo. As pragas já estão
fazendo os seus barulhos habituais. O Céu? Esqueçam o Céu.
Igarapé-Miri, nessa eleição, é LOST com uma diferença: no seriado os
"sobreviventes" do acidente aéreo sempre tinha a esperança que iam
escapar vivos das tormentas da Ilha e não se davam conta que já estavam
mortos. Os mirienses não. Eles sabem que tendo que escolher entre esses
dois caminhos que a morte é inevitável. Até a urna, que está mais para
funerária do que eletrônica.
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