Artistas batizam as
embarcações, pintando o nome no casco. São pessoas simples que criaram uma tradição tipicamente ribeirinha.
Uma tradição familiar
enriquece a cultura e embeleza os barcos que cruzam os rios do Pará. São os
chamados “abridores de letras”, como também são conhecidos os artistas que
batizam as embarcações, que pintam os nomes nos barcos. Uma gente simples,
autodidata e que sem se dar conta criou uma tradição tipicamente ribeirinha,
uma forma de cultura itinerante.
Com o talento de um artista
popular, aos poucos o barco vai ganhando uma identidade. “A maioria leva o nome
do dono da embarcação, quando não é o nome do dono é o nome do pai, da mãe”,
conta Rubens Lourinho, abridor de letras.
O abridor de letras conta que
lembrar tantos nomes é impossível, afinal, foram muitos em 30 anos de
profissão. Rubens é de Igarapé-Miri e
sempre gostou de desenhar. Mas, justo a primeira chance dele pintar barcos veio
em uma época de muito contrabando de animais na região. “A gente apagava o nome
do barco de madrugada e quando o barco amanhecia aqui já era com outro nome,
para driblar a fiscalização”, relata Rubens.
Criatividade
O vai e vem das águas dos rios revela a criatividade dos artistas. As letras são sempre muito coloridas e enfeitadas, é um truque pra chamar a atenção.
O vai e vem das águas dos rios revela a criatividade dos artistas. As letras são sempre muito coloridas e enfeitadas, é um truque pra chamar a atenção.
As viagens mantêm ainda uma
espécie de troca de experiências entre pintores de letras que não se conhecem.
“A pessoa pinta no Marajó, mas o barco vem até Igarapé-Miri. O pintor daqui
olha e fala: nossa, viu? Muda um pouquinho e vai tendo diferentes estilos”,
ressalta a design Fernanda Martins.
Fernanda e Sâmia são designers
e decidiram divulgar essa manifestação da cultura amazônica. O projeto “Letras
que Flutuam” deu origem a uma expedição que identificou 41 abridores de letras
em Belém e
em mais três cidades do interior do Pará: Barcarena, Abaetetuba, e
Igarapé-Miri.
Tudo foi registrado em vídeo
que caiu na internet e no gosto de muita gente de outros países. “Nós recebemos
vários pedidos de pessoas interessadas em adquirir essas letras, desdobramento
pro futuro”, afirma Sâmia Batista, designer.
Tradição familiar
Robson Portilho tinha sete anos quando começou a acompanhar o pai até as embarcações. E de tanto olhar como Rubens trabalhava, descobriu que levava jeito para o ofício. Até que um dia foi chamado para ajudar. “Fui fazendo, quando terminou o serviço ficou bom e aí eu fui me aperfeiçoando cada vez mais”, conta o estudante.
Robson Portilho tinha sete anos quando começou a acompanhar o pai até as embarcações. E de tanto olhar como Rubens trabalhava, descobriu que levava jeito para o ofício. Até que um dia foi chamado para ajudar. “Fui fazendo, quando terminou o serviço ficou bom e aí eu fui me aperfeiçoando cada vez mais”, conta o estudante.
O genro do abridor de latas
também quis aprender assim que entrou para família, mas não entendia nada de
pintura. Ele espera uma oportunidade para pintar sozinho o nome de um barco.
“Não é difícil, basta ter paciência e força de vontade para aprender. A minha
tendência é só melhorar nessa profissão, né?!”, diz o estudante Elias
Alcântara.
E assim Rubens vai formando
novos abridores de letras que têm pela frente um alfabeto de possibilidades.
“Cada letra que eu faço, quando eu termino, aprimoro o meu trabalho”, afirma o
abridor de letras.
Do G1 PA
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