29 de abril de 2012

Projeto do Matapi Ecológico é destaque em feira científica na Espanha



O projeto “Matapi Ecológico” ganhou uma menção honrosa como o melhor projeto internacional na XIII Exporecerca Jove, realizada no Museu de Ciências Comos Caixa, em Barcelona (Espanha), de 29 a 31 de março. A inovação apresentada por uma estudante do Pará concorreu com pelo menos 100 projetos de 10 países, da Europa, América Latina e Ásia. O projeto foi credenciado para representar o Brasil na XIII Exporecerca Jove durante a Mostratec, que ocorreu em outubro do ano passado no Rio Grande do Sul, concorrendo com 322 projetos brasileiros e de mais 22 países.
A aluna Regiane Araújo Silva, autora do projeto, conta que foi uma das feiras mais marcantes de que já participou, por reunir pessoas de vários países. “Esses momentos que passamos em nossas vidas são inéditos e devemos dar valor. Só a oportunidade que eu tive de representar o Brasil, o Pará e também nossa cidade foi uma vitória, e eu agradeço a todos que ajudaram nesta conquista. É um incentivo para que alunos e professores desenvolvam seus projetos e possam transformar a educação em nosso Estado”, ressaltou.
Para o professor Gilberto Luís Silva, coordenador do projeto, mais uma vez foi comprovado que a educação pública no Pará vem melhorando e apresentando resultados. Segundo ele, isso só é possível quando o governo acredita na educação pública e  incentiva e fomenta a pesquisa.
“No município de Igarapé-Miri (região do Baixo Tocantins), outros alunos da rede pública vêm se destacando, pois estão sendo desenvolvidos projetos que vão gerar emprego e renda para o município. Isso é um avanço significativo na vida dos alunos, professores e do próprio município”, frisou.
Durante o evento, o projeto “Matapi Ecológico” também recebeu um convite do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para ser um dos representantes do Brasil na Rio+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável -, que vai ocorrer de 13 a 22 de junho deste ano,  no Rio de Janeiro (RJ).
Preservação - A vontade de encontrar uma solução para a captura do camarão no rio Tauerá de Beja, em Abaetetuba, município do nordeste do Pará, fez o professor Gilberto e a aluna Regiane, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Cristo Trabalhador, produzirem o projeto científico “Matapi Ecológico: uma solução para a captura e a comercialização do camarão”, que tem como principal objetivo evitar a extinção dessa espécie.
Segundo Gilberto Silva, é grande a preocupação com a extinção dos animais no leito do rio, já que boa parte da população esta concentrada na região das ilhas e depende da captura do camarão para complementar a renda familiar. “Em função da pouca instrução que os ribeirinhos têm e da falta de apoio para sua atividade, eles tendem a capturar os camarões inadequadamente. Por isso surgem muitos problemas. Vimos a solução contida no próprio instrumento utilizado na pesca do camarão, o matapi”, explicou.
A estudante informou que o matapi é feito, geralmente, com pequenas frestas de talas de palmeira, capturando camarões de menor tamanho, o que afeta a reprodução. Outro impacto é na renda dos ribeirinhos, que também é diretamente afetada com a ausência ou diminuição do tamanho dos camarões.
Durante a pesquisa, foi realizada uma pequena, mas decisiva mudança no matapi. O espaçamento das frestas, que era de meio centímetro, passou a ter o dobro. Com isso, são capturados apenas camarões adultos, respeitando o ciclo de reprodução. “O Matapi Ecológico é uma solução simples e eficiente”, afirmou a autora do projeto.
Em seis dos 12 meses de pesquisa, foram pesados e medidos camarões capturados com os dois tipos de matapi - o tradicional, utilizado pelos pescadores, e o ecológico. O resultado logo demonstrou a importância da pesquisa.
Os 40 matapis tradicionais capturaram, em média, cada um, 5 quilos de camarão, com comprimento médio entre 5 e 6 centímetros, gerando um lucro diário de R$ 5,00. Já os 40 matapis ecológicos capturaram de 2 a 2,5 quilos do crustáceo, com tamanho médio de 6 a 7 centímetros, gerando renda diária de R$ 20,00. “Esperamos que os pescadores passem a valorizar o Matapi Ecológico”, concluiu o professor Gilberto Silva.

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